A trilha sonora da escrita

Por Karen

Uma vez minha amiga Vânia, parceira também de escrita, me perguntou: o que você ouve quando está escrevendo? Bem, aí acho que está uma questão difícil de ser respondida.

Eu adoro música (e também, quem não gosta? Só pode ser ruim da cabeça e doente do pé, eu acho…). Posso até dizer que gosto de vários tipos de música, ah vai, não são tantas assim que eu reclamo de escutar… Mas o que ouvir quando escrever? O som do silêncio. Bem, às vezes é ele sim, o escolhido (como agora, eu só ouço o barulho do ventilador e de um gato miando lá fora – não, não é a minha gata, ela tá dormindo).

Mas também tem outras coisas legais para se ouvir escrevendo…

Eu sempre gostei da maneira com que alguns escritores trouxeram músicas às suas obras, e a gente acaba ouvindo uma música e se lembrando desse ou daquele livro. Por exemplo, toda vez que eu ouço “Hey, Jude”, dos Beatles, é quase impossível não lembrar do pistoleiro Roland Deschain correndo pelo deserto atrás do Homem de Preto, na série “A Torre Negra”, de Stephen King. É por isso que eu também gosto de colocar referências musicais no que eu escrevo.

Acho que a primeira vez que fiz isso, foi quando comecei a escrever songfics, que são nada mais do que pequenas fics com alguma letra de música no meio. Demorou um pouquinho para eu perceber que ficaria mais legal – além de colocar a letra no papel e intercalar as cenas e falas, como se fosse um videoclipe – inserir a música propriamente dita na história. Colocá-la um contexto, dar alguma importância a ela dentro da história.

Comecei a fazer isso e gostei do efeito. Eu colocava um personagem ouvindo uma música, a música tocando no rádio displicentemente, ou alguém lendo a letra, um despertador tocando com a música (e isso geralmente é usado como terror), bem, tanto faz, você inventa um jeito e coloca a música lá dentro, fazendo algum sentido. Claro que todas as vezes que fiz isso, eu estava ouvindo a música em questão.

Nas fics, eu ouvia desde Skank, Marisa Monte, Paralamas do Sucesso, até Beatles e Aerosmith. Aliás, nas fics, principalmente Aerosmith, que eu adoro e coloquei até alguns significados especiais na fic Centelha de Esperança, que eu estou terminando (juro, pessoal, até escrevi bastante do novo capítulo, esse mês ele vai sair!).

Agora, nos originais… depende muito do que eu estou escrevendo; o gênero, quero dizer. No livro que eu escrevi, o que eu ouvi na maior parte do tempo foi a trilha sonora de Silent Hill (o jogo), porque, claro, é o tipo de música mais assustador que eu consigo me lembrar (e me deixava tanto no clima que algumas partes eu acabei descrevendo como no jogo…). Mas no começo do livro, eu ouvi em algumas partes Legião Urbana – que ficou com um significado especial na história – e também Blitz, que segundo meu marido que já leu o livro, eu deturpei e deixei macabro (se é que isso é possível com Blitz). Culpa do mestre King, que me inspira a fazer essas coisas.

Também já ouvi músicas infantis enquanto escrevia; ultimamente, ando nesse pique de escrever histórias infantis, já terminei uma e estou com outra em andamento. E às vezes eu simplesmente ouço o rádio.

Seja lá qual for a trilha sonora, se você quiser escrever, escreva! Mesmo que o único som que lhe inspire sejam apenas as batidas ritmadas dos dedos nas teclas. Esse e o som das palavras na sua cabeça são o que realmente importam.

Tec. Tec. Tec.

Comments
9 Responses to “A trilha sonora da escrita”
  1. Mi disse:

    Enquanto estou escrevendo, preciso do mais absoluto silêncio e, quando muito, música clássica ou jazz, qualquer coisa só tocada, sem letra. Senão fico viajando na música e não consigo escrever.
    BUT, todo processo de criação precisa de uma trilha sonora. Eu faço seleções de músicas, coloco no ipod com o nome do que eu to escrevendo (por exemplo, aquele que te pedi pra ler tá como livro sem nome e tem mais de mil músicas). Daí eu vou correr. Ou caminhar, conforme o dia… É a melhor maneira de ocupar o teu tempo enquanto tu está na esteira. Não dá aquela sensação de tempo perdido. Depois eu chego em casa e tento escrever.
    Inclusive aquele problema que te falei se resolveu fazendo isso. Trilha sonora rules. =D
    Bela pedida como tópico, especialmente pq hj é um dia especial. Kurt Cobain faria 45 anos. 😉

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    • Karen Alvares disse:

      Mi, então tu é da turma do silêncio? hahaha Eu costumava ouvir música clássica quando escrevia, quando era mais nova, mas depois que comecei a programar e ouvir música no trabalho sempre, passei dessa fase e fiquei barulhenta (como pôde perceber lendo o post… rs). Organizo melhor os pensamentos com música mesmo.
      Adorei saber o seu processo de criação. Caminhar e correr nunca é um tempo perdido, eu acho, mas se você cria enquanto isso, é um tempo duas vezes mais bem aproveitado! Eu costumo criar tomando banho, lavando louça ou sonhando… ou acordando e olhando pro nada ainda meio babando sonolenta. Ou antes de dormir.
      Você resolveu o problema? Oh yeah, eu quero ler quando estiver pronto! ^^
      Oh, poutz, foi totalmente coincidência! Mas calhou direitinho hein! Então post especial para o Kurt Cobain. 😉

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      • Mi disse:

        Eu nunca tive paciência para academia. Sempre tive a sensação de tempo perdido. Até que eu parei de fumar e o resto tu já sabe, né? Como agora estou correndo atrás do tempo perdido, tentando perder o que ganhei, to fazendo corrida ou caminhada praticamente todo dia. E a música foi a melhor coisa pq ai eu comecei a criar ali. E o tempo perdido virou tempo útil. Mas antes eu fazia que nem vc: tomando banho, fazendo serviço doméstico, indo para o trabalho, antes de dormir. Mas na esteira a coisa fica mais coerente… Vai saber… XD
        Eu vou te enviar assim que ficar pronto.
        bjks e obrigada

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      • Karen Alvares disse:

        Ah, o meu método de fazer exercício é dançar no Wii. Às vezes também acho tempo perdido, entendo o sentimento. Mas é necessário! 😀
        Cada escritor é do seu jeito, e eu quero ler mais coisas suas!
        Beijos

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  2. Melissa disse:

    Então, confesso que já fui muito mais musical enquanto escrevia. Anos atrás eu ouvia muito Rush pra escrever uma história original minha (principalmente os álbuns da década de 70 da banda). Já pra fanfics, ouvia muito Smashing Pumpkins, Radiohead… essas coisas mais introspectivas. Também já fiz songfic, mas hoje vejo que é realmente mais significativo inserir uma música dentro de uma história. Ah, e no meu livro tem uma música muito significativa. Mas não vou contar, que é surpresa.

    Quando comecei a escrever esse meu último livro, ouvi muito Muse, especialmente o CD The Resistance. Acho que tem muito a ver com os primeiros capítulos da história. De uns temos pra cá, estou menos musical pra escrever. Acho que estou me concentrando mais pra produzir mais e música acaba me distraindo um pouquinho sim. Mas das vezes que tentei ouvir música acabei no Led Zeppelin, David Bowie e Suzi Quatro.

    E realmente, o tipo de música depende do gênero que se está escrevendo e do momento do livro!

    Adorei esse post!

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    • Karen Alvares disse:

      Ah, acho que totalmente, Mel, o tipo de música que a gente tá ouvindo influencia na escrita. Esqueci de falar no post que no final do livro eu ouvia New Age, Enya, essas coisas… foi Silent Hill durante todo o tempo, mas o final pedia algo meio transcendental. 😉
      Poutz, me deixou curiosa com a música que tu inseriu no livro! Que má!
      Eu acho demais saber assim o que as pessoas ouvem produzindo. Cada um tem um jeito, e às vezes não é nem tanto algo que a gente ame, mas sim o que a história pede pra ouvir. (mas espero que nenhuma história minha peça pra eu ouvir axé, pagode e funk… so sorry haha)
      😉

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